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quarta-feira, 27 de abril de 2011

Alguns Hitos de la Invención Psicoanalítica del Grupo después de Freud


Esta es la continuación de traducción libre del libro " Las Teorias Psicoanalíticas del Grupo" referente ao tópico mencionado en el título de este post.  Kaës nos habla de la evolución de las  'invenciones' pós-freudainas de la noción del Grupo en Psicoterapia Psicanalítica, dando especial atención, en este tópico,  a los teóricos ingleses  -  Bion, Folkes y Balint, entre otros- en lo que se refiere ao surgimiento del Grupoanálisis.  

Tempo de Entreguerras. As primeiras formulações de Freud sobre a psique do grupo e sobre a psicologia das massas fornecerão as bases teóricas para introduzir a alguns psicanalistas no caminho de uma aplicação terapêutica dessas propostas. A mais radical, porém frustrada, foi sem dúvida a de T. Burrow, cujo encontro com Freud, em 1909, nos Estados Unidos está de entrada marcada pelo projeto de propor a psicanálise a sujeitos reunidos em grupo. A psicanálise lhe parecia a Burrow demasiadamente centrada no indivíduo, excluíndo do seu campo as forças sociais que o determinam e que em parte são responsáveis pela sua patologia.

Sua 'filo-análise' sustentava que a análise do indivíduo não pode ser completa sem a análise do grupo do qual faz parte: o grupo se mostrava para ele como um marco natural do tratamento. A reticência de Freud a essas colocações, o fato de não ter iniciado uma análise com ele (por causa da Guerra Mundial), não impediram a Burrow conduzir experiências de terapia no contexto do que denomimou, em 1927, grupoanálises.

Uma continuidade na concepção do grupo e de suas funções se estabelece entre T. Burrow e S.R. Slavon e, sem dúvida, toda a corrente norteamericana (H.D. Kibel, O. Kerneberg, por exemplo.). S.R. Slavon foi um dos primeiros que colocou em andamento, em 1934, um tratamento de crianças e adolescentes por procedimento de grupo. Seu objetivo era alcançar que, em um clima permissivo, e sob a presença de um terapeuta neutro que interviera o mínimo, as crianças estabelecessem boas relações entre eles. O postulado desta prática é que toda a psicopatologia instaura-se num meio familiar deficiente ou traumatizante, se caracterizando por uma debilidade insigne na constituição do eu da criança assim como do adolescente e por sua medíocre ou insuficiente capacidade para integrar os conflitos. O modelo subjacente é, pois, aqui o do funcionalismo do Ego Psychology. O grupo,organizado para instaurar e consolidar essas funções integrativas do eu, melhora o controle das pulsões, assegura a catarse dos conflitos, reforça a adaptação da realidade e desenvolve capacidades sublimatórias: todo grupo bom deve permitir ao eu apoiarse sobre ele para recuperar um funcionamento harmonioso. Desta perspectiva, que também inspira a de K. Redl, a interpretação psicanalítica remente-se quase sempre ao indivíduo e raramente ao grupo: este não tem vida própria e, em consequencia, não é objeto de uma teorização específica.

Ocorre o mesmo com L. K. Wender e com P. Schilder que, no começo da década de 1930, consideram o tratamento em grupo como uma das atividades do psicanalistas e propõem sua utilização nos pacientes caracterizados como estados-limite. A teoria de Wender se apoia na observação da necessdade, so sujeito doente, de ser parte de uma comunidade, à família P. Schilder utiliza o tratamento terapêutico de grupo para restabelecer as formações psíquicas distoridas, especialmente as ideologias, por efeito da influência familiar.

Os trabalhos e as experiências de estos precursores otorgam ao gupo uma importância funcional para a terapia individual. Só no começo da década de 1940 é que o dispositivo de grupo será pensado como entidade específica por psicanalistas preocupados com o tratamento clínico de pacientes com patologias agudas.

A maioria destes psicanalistas deviam tratar esses problemas com dispositivos psiquiátricos que terminava por agravá-los, respondendo a uma lógica de acoplamento da loucura com instituições cuja tarefa primária era precisamente curá-la. Esse foi o caso de E. Pichon-Rivière e de J. Bleger em Buenos Aires. Muitos deles, como s. H. Foukes em Londres, tiveram que buscar alternativas terapêuticas diante dos fracassos de cura tipo: as adaptações necessárias eram então dificilmente pensáveis com as categorias da psicananálise. Outros tiveram que decidir-se por situações emergências, como neuroses traumáticas pós-guerra e tiveram que inventar dispositivos econômicos (no sentido financeiro e psíquico) para tratá-las, descobrindo desse modo sua eficácia: foi o caso de W. R. Bion em Londres no começo da Segunda Guerra Mundial. Outros, finalmente, na tradição francesa da primeira revolução psiquiátrica, mostravam que as instituições assistenciais possuem capacidade terapêutica para os enfermos psicóticos crônicos, e que é possível implantar um tratamento de grupo que mobilize os processos individuais servindo-se dos processos instituicionais: Daumezon, Oury, Paumelle, Racamier, Tosquelles foram pioneiros, na França, da segunda revolução psiquiátrica.

OS MOMENTOS FUNDADORES: LONDRES, 1940. Um dos primeiros focos da invenção da psicanálise do grupo se forma em Londres, em 1940; poucas semanas depois da morte de Freud, meses depois de começar a Segunda Guerra Mundial, dois psicanalistas de sensibildiade muito diferentes, Bion e Foulkes, põem em marcha um dispositivo de grupo ao que instituem segundo o modelo de cura; a partir desta nova situação psicanalítica fundam as bases de uma teoria de grupos.

W. R. Bion (1961) desenvolveu um vigoroso modelo teórico dirigido para explicar as formações e os processos da vida psíquca nos grupos; evidenciou a semelhança de seus funcionamentos com os fenômenos descritos por M. Klein nas suas teorias sobre os objetos parciais, as angústias psicóticas e as defesas primárias. Os conceitos forjados por ela entendem o grupo como uma entidade específica e permitem qualificar de grupais os fenômenos que neles se produzem.

Bion distingue duas modalidades de funcionamento psíquico nos pequenos grupos: o grupo de trabalho, no qual predominam as exigências dos processos secundários que organizam a representação do objeto e do objetivo do grupo, a organização da sua tarefa e dos sistemas de comunicação requeridos para a sua realização. E o grupo básico, no qual predominam os processos primários sob a forma de suposições básicas (basic assumption) em tensão com o grupo de trabalho. A passagem do grupo básico ao grupo de trabalho se efetúa segundo uma oscilação que não implica em dialética de superação.

De fato, Bion elaborou o conceito de suposição básica para designar os diferentes conteúdos possíveis da mentalidade do grupo. As suposições básicas estão constituídas por emoções intensas, de origem primitiva, que cumprem um papel determinante na organização de um grupo, na realização de sua tarefa e na satisfação das necessidades e desejos de seus membros. São e permanecem inconscientes: sometidas ao processo primário, expressam fantasías inconscientes. São utilizadas pelos membros do grupo como técnicas mágicas destinadas a lidar com as dificuldades com que se encontram, e principalmente a evitar a frustração inerente ao aprendizagem através da experiência. As suposições básicas são também reações grupais defensivas contra as angústias psicóticas reativadas pela regressão imposta ao indivíduo na situação de grupo.

A corrente bioniana se desenvolveu na Inglaterra e em vários outros países: M. Pines apresentou a esse respeito um balanço em uma obra bastante reprresentativa (com exceção no que compete aos trabalhos franceses e itialianos), ao tempo que R. D. Hinshelwood se ocupou de seus efeitos na prática das comunidades terapêuticas.

A corrente do Group-analysis fue instituída por S. H. Foulkes, J. Rickman e H. Ezriel principalmente, sobre bases teóricas e metodológicas sensivelmente diferentes das de Bion. Formado em Francfort junto a K. Goldstein, Foulkes conservou as idéias centrais do Gestaltismo – as mesmas que inspiraram a K. Lewin - e a da abordagem estrutural do comportamento: a totalidade antecede às partes, é mais elementar que elas, não é a soma de seus elementos; o individuo e o grupo formam um conjunto de tipo figura-fundo: o indivíduo em um grupo é como o ponto nodal na rede dos neurônios.

Em um sentido amplo, o grupoanálise é um método de investigação das formações e dos processos psíquícos que se desenvolvem em um grupo: funda seus conceitos e a sua técnica em certos dados fundamentais da teoria e do método psicanalítico e em elaborações psicoanalíticas originais requeridas pela consideração do grupo como entidade específica. Em um sentido mais restrito, o grupoanálise é uma técnica de Psicoterapia Psicoanalítica de Grupo.

O grupoanálise foulkesiano apoia-se em cinco ideias principais: a disposição para escuta, compreender e interpretar ao grupo como totalidade no “aquí e agora”; a suma importância da transferência “do grupo” sobre o analista , e não a das transferências intragrupais ou laterais; a noção de ressonância inconsciente (Ezriel precisa: fantasmática) entre os membros de um grupo; a tensão comum e o denominador comum das fantasias inconscientes do grupo: a noção de grupo como matriz psíquica e marco de referência de todas as interações.

As primeiras teorias psicanalistas de grupo o tratam como uma entidade psíquica específica. Estabelecem uma diferença entre o espaço intrapsíquco reconhecido pela prática psicanalítica da cura individual e um espaço psíquico gerado pelos vínculos do grupo. Apoiando-se nas proposições de Freud – mas também nas de Lewin – salienta-se que o grupo não é a soma dos processos individuais, ao contrário, possui uma organização específica cujo inventário e funcionamento seriam ulteriormente reconhecido. Segundo estas teorias, e com exceção de algumas variações, as contribuições dos sujeitos participantes do grupo são consideradas como processos e conteúdos, anônimos e desubjetivados, que colaboram na formação da mentalidade de grupo (Bion) ou que estão subordinados à matriz grupal (Foulkes).

A corrente foulkesiana desenvolveu-se na Inglaterra e no mundo todo como uma referência teórica sustentada fortemente por uma Escola de Formação de Grupoanalistas (cf. M. Pinel, 1983). Na Inglaterra, os principais trabalhos foram produzidos por P.B. De Maré, M. Pines, D. Brown. Fora da Inglaterra, nas correntes norte-americanas, em alguns países da América Latina, nas correntes suiças (R. Battegay, P.B. Schneider), italianas (F.Napolitani, F. Di Maria),alemãs (K. Koeing, ª Heigl-Evers, K. Husemann, R. Schinddler) e austríacas (W. Schindler).

Na França, os questionamentos de Foulkes foram recibidos com certa ambivalência. Por um lado, forneciam modelos eficazes de inteligibilidade dos processos grupais. Por outro lado, trata-se de teorias nas que o sujeito, com aquilo que o singulariza (sua história, seu lugar na fantasia inconsciente, a idiosincrasia das suas pulsões, das suas representações, do seus mecanismos de defesa), podia desaparecer na atenção dada ao grupo como entidade específica. Uma parte da opinião psicanalítica encontrava uma ressonância em Lacan quando criticava “os efeitos do grupo como reforço para a alienação do sujeito nas identificações imaginárias” e as aplanadoras obediências ao imperativo da “Massa”. Para que as idéias do outro lado da Mancha (e o outro lado do Atlântico) fossem acolhidas na França, primeiro tinham que restituir ao grupo seu valor de objeto psíquco para seus sujeitos: somente então poderiam empreender-se investigações sobre as articulações entre o grupo e o sujeito singular considerado como sujeito do grupo.

Ainda que o seu conhecimento dos processos profundos da dinâmica grupal parece ter sido limitado e não tenha praticado a psicoterapia em grupo, a contribuição de M. Balint à teorização psicanalítica de grupo deve ser mencionada. Sua influência foi considerável na implementação do grupo como forma de aprendizagem de novos manejos profissionais e como campo de investigação referidos aos processos relacionais dos médicos. Balint soube utilizar os recursos de identifcação com o líder e entre os membros do grupo para sustentar a construção de uma identidade profissional. Suas referências teóricas foram tomadas de Bion, mas não radica aí sua originalidade. Esta resulta sem dúvida de sua herança ferencziana, com a teoria do amor primário; funda-se na importância dos contatos e intercambios com o ambiente desde o nascimento e, correlativamente, no papel determinante que atribui a experiência de separação nas modalidades da emergência do objeto: de alí resultam as condutas típicas, ocnófilas (de apego) ou filóbatas (de desapego). As ideias de Balint foram relativamente pouco exploradas nas teorias psicanalíticas de grupo. Seus colegas ingleses (Gosling, Turquet) desenvolveram particularmente os aspectos técnicos desse grupo de trabalho em particular, empreendendo análises valiosas sobre as identificações precoces “ por la piel del vecino” e manifestando as angústias experimentadas pelos participantes em grupos amplos ou vastos. Na França, os trabalhos de J. Guyotat, M. Sapir e A. Missenard aportaram novas perspectivas sobre o regime das identificações e aflições que funcionam em todos os grupo.